terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Day One

       Iniciei minha carreira hoteleira em  01.03.1965, era uma segunda-feira de Carnaval e, coincidentemente, a cidade do Rio de Janeiro celebrava neste exato dia, seu quatrocentenario. E não era feriado porque naquele tempo feriado no Carnaval era só na terça-feira, e quarta-feira ate meio-dia.  Eu era estagiário, e ia começar na cozinha do Leme Palace.  Mandaram chegar as 7 horas da manha, que era o horário do pessoal da cozinha, mas tive que esperar ate as 8 horas para chegar o Chefe de Pessoal, entregar a carteira de trabalho, fazer o registro de funcionário, receber o uniforme, armário etc e só la pelas 9.30 cheguei na cozinha propriamente dito.  O Chefe estava de folga neste dia e o sub-chefe, sem ter muitas informacoes sobre minha chegada, mas sendo informado que eu começaria como Peão de Cozinha me passou uma faca e me encaminhou para um balcão, sobre o qual havia um monte de carne  para limpar.  Designou um outro Peão , chamado Walter, para mostrar  como fazia e ai fiquei sozinho num canto da cozinha.  As 10.30hrs Walter voltou  e me disse “pode parar porque e a hora do almoco”.  Nunca antes eu havia almoçado tão cedo, mas segui os outros peões e peguei um prato de sopa e me servi de um espécie de ensopado que era o almoço dos peões.  Não havia cadeira ou banco para sentar, e o jeito era sentar num engradado de bebida , e pronto.  Os Sub-chefes e demais cozinheiros comia juntos numa mesa no meio da cozinha, mas os ajudantes e peões tinham que se virar de outra forma. Na hora que apanhava o engradado debaixo de uma pia, saiu correndo um enorme barata, desaparecendo dentro de um ralo.  Comecei a comer e pensei “o que e que estou fazendo aqui”.  Os outros peões guardavam uma certa distancia de mim e me olhavam com uma certa ar de desconfiança.  Afinal de contas, tratava-se de um gringo louro de olhos azuis, falando um português enrolado, e bem diferente dos demais peões.  Foi nesta hora que pensei de ir embora, de simplesmente sumir de la e nunca mais voltar.  Seria tão fácil, bastava sair andando pelas escadas, trocar de roupa no vestiário, passar pela portaria de serviço e pegar o “Gavea-Leme” ate chegar na minha casa em Leblon.  Bem mais simples do que “escapar” do colégio interno na Inglaterra, onde tinha estudado por quatro anos, aquilo sim um verdadeiro prisão.  Mas, acabei ficando.  Não sei se faltou coragem para sair, ou se simplesmente não queria causar uma grande decepção para meus pais abandonando meu primeiro dia de trabalho depois de poucas horas.  Bem, o fato e que fiquei, e dali em diante, pouco a pouco, as coisas começaram a melhorar.  Na parte da tarde me passaram para um serviço mais agradável, descascar batatas, tarefa  facilitada pela existência da maquina de descascar.  Fiz mais alguns serviços naquele dia, inclusive de limpeza.  As 15 horas chegou a turma da tarde para assumir o serviço e finalmente as 16 horas chegou a hora de ir para casa.  Desci para o vestiário, tomei banho, troquei de roupa, e peguei o lotação para casa.  Cheguei em casa  exausto, pois havia passado quase o dia todo em pé, e na porta encontrei minha mãe, ansiosa,  que perguntou , “E ai, como foi seu primeiro dia de trabalho”  “Nada de especial”, respondi,  sem dar muitos detalhes, e fui para meu quarto dormir.

Um comentário:

  1. Que delícia de post! Saudosista. Ainda lembro do Leme Palace, cheguei a trabalhar lá, na telefonia, numa mesa de pegas. É, tou velha mesmo! Beijim. Nice blog!

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